A

s antenas das abelhas fazem parte do folclore a respeito desse animal, tão curioso quanto importante. É fácil para qualquer um que observe elas, perceber que as antenas trabalham constantemente fazendo a coleta de informações do ambiente que as cerca. Mas que tipo de informações ela coleta? Como ela realiza a leitura do mundo com as antenas?

Elas são importantes órgãos sensoriais para os insetos de forma geral. No caso das abelhas, a superfície de suas antenas é coberta de pelos finos e hipersensíveis que garantem a ela os sentidos do tato, olfato, paladar e audição, captando odores e vibrações que os sensores espalhados ao longo dos seus segmentos transformam em informações para a abelha. Nas fêmeas, as antenas possuem 12 segmentos, da base à ponta, enquanto nos machos, elas possuem 13 segmentos. Embora algumas espécies tenham antenas mais longas, isso ocorre pela diferença de tamanho de cada segmento e não por uma diferença na quantidade total de segmentos. Ainda que com pequenas diferenças na forma, a estrutura geral das antenas é igual em todas as espécies de abelhas. Logo na base, preso a duas pequenas cavidades na cabeça das abelhas, se encontram os Escapos, maior segmento da antena. Em seguida, como um cotovelo, surgem os

Pedicelos, que fazem a união com os segmentos que compõem o Flagelo,  10 nas fêmeas e 11 nos zangões. Isso ocorre pois os zangões precisam se orientar em voo ainda mais, ou não cumprem sua missão de vida, fecundar uma jovem rainha. Os dois segmentos iniciais são responsáveis principalmente pela movimentação das antenas. Nos flagelos, junto aos muitos pelos, milhares de cavidades microscópicas exercem a captação dos odores. Cada sub-segmento dos flagelos trará alguns sensores e receptores diferentes, de acordo com sua função. Assim, os pelos das pontas são os principais instrumentos táteis, enquanto os segmentos finais são dedicados à leitura térmica e os demais segmentos são responsáveis pela percepção dos cheiros. Os pelos

serão importantes ainda para percepção do ambiente como um todo, tanto pela vibração do ar, como pelo toque. Ao tocar as superfícies, elas podem sentir os sabores e as texturas das coisas. Nas pontas das antenas encontram-se, ainda, os receptores gustativos, capazes de reconhecer nuances minuciosas de açúcar, às vezes inferiores a 1%.

Em geral, as abelhas eussociais (que vivem em colônias) possuem maior número de receptores sensoriais em suas antenas, se comparadas às abelhas solitárias e semi-sociais. Do mesmo modo, a quantidade de receptores químicos e nervosos varia também, entre as castas de abelhas de uma colônia. Enquanto as operárias têm em média 3.000 receptores químicos (olfativos e gustativos), a rainha tem apenas 1.500 e o zangão, com suas antenas privilegiadas, cerca de 300.000!

Além disso, redes nervosas levam as informações colhidas nos pelos até uma estrutura interna dos pedicelos, chamada Órgão de Johnston. Essa estrutura, similiar ao tímpanos nos mamíferos, converte as mínimas vibrações em som, até mesmos pequenos impulsos elétricos. É graças a essa estrutura que as abelhas podem compreender a dança do requebrado com precisão no interior escuro do ninho. Os movimentos feitos pela abelha campeira são traduzidos em sons pelas antenas das demais operárias. Aquelas que se interessam, reagem, ainda, esfregando o abdômen contra a cera do favo, emitindo outro ruído, que a campeira entende como um pedido de provas.

As antenas também revelam às abelhas a umidade do ar, os índices de monóxido de carbono no ambiente, alterações eletromagnéticas e até a velocidade relativa do vento e  a própria força da gravidade! Essas habilidades possibilitam às abelha suma leitura precisa do mundo à sua volta, tanto em voo como no interior da colmeia. O zangão, por exemplo, utiliza de suas antenas para reconhecer a jovem rainha em voo e assim, determina a distância exata até ela. Reconhecendo a velocidade e direção do vento, ele consegue ainda determinar a sua velocidade ideal para atingir

seu objetivo e efetuar sua missão. Também para as operárias, reconhecer as mudanças atmosféricas é fundamental para o exercício de suas funções, seja informando o posicionamento de água e alimento ou coletando-os, seja reconhecendo a necessidade de ventilar, aquecer ou mesmo, deixar o ninho em casos de mudanças extremas, por exemplo, nos níveis de monóxido de carbono dentro da colônia por falta de ventilação ou, geralmente, vinda da fumaça utilizada pelo apicultor. Além de reconhecerem a distância relativa indicada pela campeira, as operárias reconhecem o cheiro exato da floração indicada, pela amostra oferecida. Já na flor, elas sentem a textura das pétalas com as pontas das antenas e conseguem determinar o local onde se encontra o néctar, provando uma amostra imediatamente para garantir se é mesmo o tesouro

prometido por sua colega. Serão as antenas, ainda, que vão garantir a construção minuciosa dos favos, separados entre si pelo espaço de duas abelhas, ou ainda, a construção de seus alvéolos geometricamente precisos, mesmo no interior escuro da colmeia. Graças à sua capacidade de reconhecer variações centesimais na temperatura, junto à sua habilidade de gerar calor com a vibração de seus músculos toráxicos, as abelhas podem garantir o interior da colmeia sempre agradável para as crias. A percepção química das antenas é tão apurada, que elas conseguem determinar, por exemplo, se o número de abelhas campeiras reduziu e assim, produzir o hormônio relacionado à sua maturação, acelerando o processo de formação das jovens operárias. Também a quantidade de zangões na colônia pode ser contabilizada pela concentração de feromônios percebida pelas antenas, possibilitando o controle.

As abelhas procuram sempre fontes de água límpida e é examinando a superfície da água com suas antenas que as abelhas conseguem determinar a presença de elementos contaminantes. Antes de qualquer coisa, as abelhas utilizam de suas antenas para ter o reconhecimento pleno das condições, necessidades e atividades a ser exercidas. Por conta disso, é importante para elas ter suas antenas sempre limpas. Tão importante, que elas possuem um par de limpadores de antenas nas patas dianteiras. Os limpadores de antenas são pequenas cavidades repletas de pelos, como um pente, localizadas na dobra dessas patas e que conforme ela flexiona a pata se fecha com um anel em torno das antenas, possibilitando o movimento de limpeza. Algumas espécies limpam as antenas a cada flor visitada, enquanto outras parecem não se incomodar até que estejam completamente cheias de pólen, mas todas praticam da limpeza de suas antenas

para garantir suas atividades plenas. E não são só as operárias que precisam manter o asseio em suas antenas, os zangões são comumente vistos limpando suas antenas na entrada da colmeia antes de lançarem voo em direção a sua pretendente.

Com tantas habilidades relacionadas às antenas, fica fácil entender a necessidade de mantê-las sempre limpas, já que proporcionam às abelhas a maior parte dos seus sentidos.

Postagens Recentes

Comece a digitar e pressione Enter para pesquisar